Os meus sonhos sempre serão grandes para o meu grande amor....
Ser mãe sempre foi um dos meus maiores sonhos. E claro, planejar é uma das minhas manias preferidas, gosto de tudo no lugar, na hora certa. E sim, essa era hora para termos o nosso tão sonhado bebê, passava noites e dias sonhando como seria a carinha do meu ou minha filha. Foi assim que tudo começou...
Parei de tomar anticoncepcional em maio de 2017, a ansiedade e o desejo de ter um filho nos meus braços tomaram conta de mim. Aconteceu tudo muito rápido, até mais do que eu esperava, em julho descobri que estava grávida de sete semanas. A felicidade inundou a nossa casa e nossa alma, meu marido e eu ficamos tão felizes, que sinceramente não sei nem como explicar tudo que sentimos. Sabe essas coisas de mãe? Todo lugar que passa vê roupinhas, brinquedos, a gente vê a carinha do nenê em tudo. E eu passava horas a namorar minha barriga que nem aparecia ainda. Eu estava realmente feliz.
Minha gestação foi perfeita, muito saudável. Decidi por um parto humanizado, queria sentir toda essa emoção de que tanto ouvi falar. Fechamos com uma equipe humanizada, médico, enfermeira e uma doula. Enfim, seria o nosso sonho realizado, não sei se posso dizer que estava preparada, meu mundo mudaria para sempre e eu amaria cada pedacinho dele. Finalmente, com 40 semanas e 3 três dias entrei em trabalho de parto.
Estava tudo certo até determinado momento. Eu já estava no hospital, bem monitorada, com os batimentos em ordem, e de repente vi meus sonhos ruírem. Eu pensei que seria o fim...
Os batimentos do meu bebê zeraram, os médicos foram obrigados a tirá-lo com fórceps. Meu filho nasceu morto. Só dez minutos depois ele ressuscitou e o levaram direto para UTI.
A espera é um dos momentos mais cruciais que existe. O não saber tortura. Uma semana depois a pediatra que estava de plantão nos chamou para entregar o resultado da ressonância, de fato eu não estava preparada para ouvir tudo o que ela disse naquele dia: “Seu filho teve lesões sérias no cérebro, provavelmente não vai falar, não vai andar e nem respirar. Deve ir para casa com HOME CARE. Isso se ele não tiver uma morte cefálica” ...
Aquelas palavras me feriram como espada, meu mundo caiu. As lágrimas vieram sem pedir licença e tomaram conta da minha face. O meu corpo doía, era uma dor que nunca senti nada igual, fiquei atordoada e não conseguia pensar em nada.
Os dias se passaram, na verdade se arrastaram. Quarenta longos dias e o Davi foi para casa, sem HOME CARE, sem tráqueo, sem gastro, mamando, todo lindo, com algumas limitações, sobretudo motora, mas meu nenê estava ali comigo, todo meu.
Com o tempo as informações foram ficando mais claras, entendemos que ele tinha paralisia cerebral, descobrimos aos quatro meses, até então só nos dizíam que havia faltado oxigenação na hora do parto. Meu marido se recuperou mais rápido, eu em contrapartida fiquei nove meses de luto, muitas vezes a angústia e o medo me faziam companhia. Comecei a fazer terapia, me sinto bem, ela me ajuda com os períodos de oscilações.
O Davi está com 1 aninho, teremos o diagnóstico completo aos três anos, a parte motora dele é a mais afetada, mas temos fé que venceremos mais uma vez essa batalha.
Uma vez, pesquisando no Google, encontrei a Clínica RNA. Coincidentemente, uma amiga da minha amiga tem uma filha que frequenta o local. Foi então que começamos o tratamento, o que tem ajudado na evolução motora de Davi. Acredito que o contato com outras pessoas, e o carinho dos profissionais que cuidam dele tem sido essencial para o desenvolvimento do meu bebê.
Nosso futuro é incerto, escrevemos o hoje nas incertezas da vida, o tempo será o responsável por dar todas as respostas que buscamos. Temos fé, pois segundo a ressonância ele não faria nada, mas o diagnóstico final é de Deus. Temos consciência do cenário e comemoramos todos os avanços, por enquanto desejamos e procuramos o melhor para o Davi.
E como mãe os meus sonhos sempre serão grandes para o meu grande amor. Nós acreditamos no potencial dele!
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